Peixe Betta

Mitos e Verdades

Vamos falar sobre o peixe betta, o peixe mais famoso, porém também o mais negligenciado no aquarismo. Vamos abordar alguns pontos que foram difundidos como verdade e desmentir os mitos.

Os bettas são nativos do continente asiático, incluindo países como Tailândia, Indonésia, Vietnã, entre outros. Eles são encontrados em rios e lagos enormes nessas regiões, mas atualmente também são encontrados em grandes plantações de arroz. Em condições adequadas, podem viver até 5 anos, e discutiremos isso neste artigo.

O Betta no Aquarismo

Há relatos de quase 2 séculos atrás que descrevem os bettas como sendo bem diferentes dos que vemos hoje em dia, sem suas cores vibrantes e variedades. Infelizmente, os bettas eram usados em brigas de animais devido à sua agressividade, sendo utilizados para diversão e apostas. Ao longo do tempo, essas práticas arcaicas foram desaparecendo e, hoje em dia, os bettas são reproduzidos por sua beleza. A história dos bettas no Brasil também é bastante antiga, chegando aqui entre os anos de 1937 e 1938, provavelmente no Rio de Janeiro, trazidos do Japão por Sigeiti Takase, um dos pioneiros do aquarismo no país. Durante muito tempo, eles foram conhecidos como peixes de briga. Como consequência, os bettas se tornaram espécies invasoras em diversas regiões do Brasil.

Agora, vamos tratar de alguns mitos difundidos ao longo de anos!

O mito mais comum é dizer que bettas vivem em poças, como já foi citado acima. Isso não é verdade. Muitas vezes, essa mentira é propagada para vender e manter bettas em beteiras. Manter o animal em um ambiente tão pequeno só traz malefícios. Falaremos mais sobre isso adiante.

Outro mito é afirmar que os bettas não precisam de um sistema de filtragem, porque respiram ar atmosférico. É importante destacar que bettas, assim como outros peixes, respiram pelas brânquias, retirando o oxigênio da água. No entanto, eles possuem a respiração labiríntica como uma forma adicional de respiração. Portanto, sim, eles precisam de um sistema de filtragem, pois é ele que mantém a qualidade da água e promove a oxigenação adequada. O filtro contém as bactérias responsáveis pela decomposição das substâncias geradas pelos resíduos orgânicos.

Outra mentira difundida é que os bettas não precisam de um sistema de aquecimento. Isso vai contra a realidade, já que os países de origem dos bettas possuem um clima tropical, com temperaturas mais elevadas. Portanto, eles necessitam de uma água mais quente.

Também é dito que quando os bettas constroem ninhos é porque estão bem ou felizes. Isso não é verdade. Esse comportamento é um instinto de sobrevivência da espécie, então mesmo que não estejam saudáveis ou em condições adequadas, eles irão construir ninhos. Os bettas não constroem ninhos apenas quando estão bem.
Outro mito é que os bettas são peixes pouco ativos e gostam de ficar parados. Essa mentira é usada para promover a venda de beteiras.

Na verdade, os bettas são animais muito ativos, inteligentes e espertos. No entanto, para que eles demonstrem todo o seu comportamento natural, é necessário fornecer um ambiente adequado.

É dito que os bettas são peixes agressivos e não podem viver com outros peixes. Essa afirmação é parcialmente verdadeira. Os bettas são agressivos principalmente em relação a outros bettas, sejam eles machos ou fêmeas, e também podem mostrar agressividade em relação a peixes da mesma família, como colisas, tricogasters, entre outros. No entanto, é possível que os bettas convivam em aquários comunitários, desde que o aquário seja espaçoso, com áreas de esconderijo e adequado para as necessidades de todos os peixes envolvidos.

Como mencionado anteriormente, as beteiras são péssimas para os bettas, trazendo apenas malefícios. Vejamos alguns motivos:

Elas não oferecem espaço suficiente para o animal se movimentar, o que pode levar o peixe a ficar depressivo.
Não há estabilidade nos parâmetros da água, já que não possuem filtragem adequada. Isso resulta em altos níveis de amônia e nitrito, substâncias tóxicas geradas pelos resíduos orgânicos em decomposição, levando à morte dos peixes.
As beteiras apresentam variação excessiva de temperatura, o que é extremamente prejudicial para a saúde dos bettas e também pode levá-los à morte.
Não é possível realizar manutenções adequadas em beteiras, e é completamente errado trocar toda a água do peixe de uma só vez. Essas práticas podem causar um choque de parâmetros e estresse extremo para os bettas.
Em resumo, não é possível manter um ambiente saudável em uma beteira, e como resultado disso, os animais acabam morrendo precocemente. Quando isso não ocorre, eles vivem em constante sofrimento, pois há uma diferença entre sobreviver e viver. Portanto, em beteiras, os bettas apenas sobrevivem.

É fundamental conscientizar as pessoas sobre os danos causados pelas beteiras e promover o uso de aquários adequados, que ofereçam espaço, filtragem e estabilidade nos parâmetros da água para garantir uma vida saudável e feliz para os bettas.

Para cuidar adequadamente de um betta, é recomendado um aquário com capacidade acima de 15 litros. Um aquário desse tamanho oferece maior estabilidade e espaço para que o animal possa se movimentar. Ao contrário do que muitos dizem, os bettas não são peixes que ficam imóveis ou só ficam parados. Isso não é verdade e essa percepção errônea ocorre porque muitos os mantêm em locais minúsculos, o que deixa o animal depressivo, como já mencionado. Bettas, na verdade, são peixes espertos e inteligentes, adoram interação com o dono e podem aprender diversos truques quando ensinados. Eles também reconhecem o dono e muito mais. Portanto, o primeiro ponto é a capacidade e o espaço do aquário.

Como mencionado anteriormente, os bettas não respiram apenas ar atmosférico, mas também têm a respiração branquial, assim como outros peixes. O filtro não é importante apenas para a oxigenação, mas também para a biologia e manutenção da água. Em resumo, as bactérias no filtro desempenham um papel fundamental no ciclo do nitrogênio. Essas bactérias se desenvolvem e se mantêm vivas graças ao fluxo constante de água e à boa oxigenação fornecidos pelo filtro. Quando há dejetos orgânicos (fezes, restos de ração, etc.), eles entram em decomposição e geram substâncias tóxicas, como a amônia, que afetam diretamente a saúde dos peixes. As bactérias no filtro transformam a amônia em nitrito, outro composto nocivo, e outras bactérias convertem o nitrito em nitrato, que não é tóxico. Portanto, o filtro ideal para um betta é o filtro hang-on, pois os bettas preferem águas mais calmas, tornando os filtros internos uma escolha inadequada.

O filtro realiza três estágios de filtragem: mecânica, biológica e química. A filtragem mecânica é realizada por uma manta acrílica, também conhecida como perlon, que retém os dejetos sólidos. A filtragem biológica é realizada por mídias biológicas, como anéis de cerâmica, onde as bactérias se alojam. Já a filtragem química é feita por meio do uso de carvão ativado ou polímeros sintéticos. Antes de introduzir o peixe, é necessário realizar o processo de ciclagem do aquário, o qual será abordado mais detalhadamente posteriormente.

Aquecimento é um aspecto crucial no cuidado dos bettas, no entanto, muitas pessoas cometem erros nesse ponto. Como mencionado anteriormente, os bettas são originários de regiões tropicais, onde a temperatura da água é mais elevada. Portanto, é fundamental utilizar um aquecedor com termostato para manter não apenas a temperatura da água mais elevada, mas também estável, sem oscilações. Flutuações de temperatura afetam diretamente a saúde do animal e enfraquecem seu sistema imunológico, tornando-o mais suscetível a doenças. Ao escolher um termostato, é recomendado calcular de 1 a 2 watts por litro. A temperatura da água deve ficar entre 25 e 28 graus Celsius. Programando o termostato, ele será ativado quando a temperatura cair abaixo do valor programado e desligado quando atingir a temperatura desejada.

Em relação à ornamentação do aquário, é aconselhável utilizar elementos naturais. Evite pedras coloridas e opte por substratos naturais, como areia de rio, basalto, terracota, entre outros. Troncos e pedras também são bem-vindos, pois reproduzem o ambiente de fundo de rio em que os bettas habitam. As plantas naturais são especialmente apreciadas pelos bettas, proporcionando-lhes maior conforto. Portanto, é possível adicionar muitas plantas ao aquário. Todo esse ambiente proporciona conforto aos peixes e os incentiva a explorar e observar seu território de maneira mais natural.

Agora, falaremos sobre a ciclagem do aquário, um processo que muitas pessoas negligenciam, pulando essa etapa. Essa falta de cuidado pode resultar em grandes problemas e até mesmo levar à morte do peixe. Resumidamente, durante esse período, as bactérias nitrificantes são formadas, conforme mencionado anteriormente. Esse processo deve ser realizado antes de introduzir o peixe no aquário. Como mencionado anteriormente, as bactérias que consomem a amônia ainda não estão presentes no início do aquário, então é necessário criá-las. Isso pode ser feito de forma natural, adicionando uma fonte de amônia, como um pouco de ração, por exemplo, ou utilizando aceleradores biológicos, como o BIO SECURITY DA BASE FLORA. Durante esse período, os níveis de amônia e nitrito podem ficar elevados, mas não se preocupe, pois isso é esperado. Primeiro, ocorre o pico de amônia, que começará a diminuir, seguido pelo aumento do nitrito e, posteriormente, sua redução. O processo de ciclagem será considerado completo quando os níveis de amônia e nitrito estiverem zerados, sendo importante realizar testes regulares de amônia e nitrito para acompanhar o processo.

É importante mencionar os parâmetros ideais da água para os bettas. Com o uso adequado do filtro e a realização da ciclagem, os níveis de amônia e nitrito devem estar controlados. Além disso, é necessário considerar o pH da água, que mede a acidez, neutralidade e alcalinidade. A escala de pH varia de 0 a 14, onde valores de 0 a 6,9 indicam acidez, 7 é neutro e valores de 7,1 a 14 são alcalinos. Para os bettas Splendens, que são os mais comumente encontrados, o pH ideal fica entre 6,8 e 7,2, sendo desejável mantê-lo em torno de 7. Fora dessa faixa, o peixe pode apresentar problemas de saúde, como corrosão das nadadeiras, perda de coloração e problemas com as escamas. Existem testes disponíveis para medir o pH da água.

Além do pH, é importante considerar a dureza da água, que se refere à quantidade de minerais presentes. A dureza da água recomendada para os bettas está entre 5 e 19.

Vamos falar agora sobre a alimentação dos bettas. Eles são carnívoros e precisam de uma ração com alto teor de proteína animal. Além da ração, é benéfico fornecer alimentos vivos, como bloodworms, atermia, microvermes, entre outros. Ao oferecer uma dieta balanceada que inclua ração de qualidade e alimentos vivos, você estará fortalecendo o sistema imunológico do peixe. No entanto, é importante observar a quantidade de alimento fornecida, pois os bettas possuem um sistema digestivo sensível. A alimentação deve ser oferecida em pequenas quantidades para evitar problemas de constipação, que podem levar a condições graves como a hidropsia, que é irreversível em estágios avançados.

Agora que você está preparado, seu peixe terá uma vida digna, com saúde e cores vibrantes, podendo viver por muitos anos.

Ops!!! Não posso esquecer de comentar.

Também gostaria de recomendar a leitura desse artigo fascinante sobre A Importância da Ciclagem. Tenho certeza que irá agregar ainda mais conhecimento ao hobby. Clique aqui e confira.

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